Infoproletariado
As relações de trabalho estão sempre em mutação. A revolução tecnológica e o capitalismo na busca objetiva de lucro, por vezes, precariza as relações de trabalho e, por consequência, adoece os trabalhadores. Ao longo do tempo surgiu o proletariado, mas que se transformou nas últimas três décadas e meia no que se tem denominado de infoproletariado.
O infoproletariado é aquele trabalhador em ambientes virtuais, que depende de máquina, tecnologia como smartphone para a prestação de serviço e tem como características: alta intensidade de trabalho; pouca criatividade; pouca capacidade de controle; nenhuma estabilidade para o futuro; pressão para atingir metas e participação no lucro e resultados da empresa, maior que o salário. Muitas vezes ele é tratado como colaborador e como tal não se rebela, não é sindicalizado, mas apenas parceiro, quase sócio. Apesar disso, em momento de crise, é o primeiro a ser penalizado.
Os fatores que dão origem a este tipo de trabalhador são o aumento de uso de tecnologia, a globalização e a degradação das condições de trabalho. São ideologias paralelas, porque ao mesmo tempo que é moderno, pelo uso de tecnologia, é atrasado, pelas condições de trabalho clássica de subordinação, do início do século XX.
As características desta modalidade ampliam conceito clássico de subordinação, porque há a deslocalização do trabalho, o cibertrabalho para redução de custos além de desvantagem e deterioração das condições de trabalho. O maior exemplo são os operadores de telemarketing e call center, que tem a degradação máxima das condições de trabalho, porque prestando serviços com tecnologia, são totalmente monitorados, subordinados, com cumprimento de metas, e submetidos a trabalho repetitivo à moda fordista. Os bancários também se enquadram no infoproletariado diante das condições de trabalho a que estão submetidos.
O trabalho a distância, incluído o teletrabalho, também se classifica como infoproletariado, porque o profissional e pessoal se confundem, não há jornada de trabalho, mas existe subordinação. Sua casa é seu escritório e qualquer hora é hora de trabalhar. As metas continuam sendo exigidas e a ilusão de controle do próprio tempo levam a precarização das condições de trabalho. A individualização que o trabalho a distância traz também enfraquece a categoria, perde-se o potencial coletivo que surgiu nas comunidades operárias com a organização dos trabalhadores para melhores condições de trabalho.
A COVID-19 reforça a utilização
do trabalho a distância e não somente na iniciativa privada, que efetivamente
busca o lucro. Entidades Públicas também se submeteram ao home office e com ele
à exigência do cumprimento de metas antes não exigidas, diante das
circunstâncias de atendimento ao público, cessadas ou reduzidas pelo isolamento.
Os servidores, em especial os mais subordinados, estão sobrecarregados de
atividades intelectuais que, tecnicamente, seriam de competência da autoridade
máxima, que passa a ter mais tempo para outras atividades paralelas as suas atribuições
principais.
Outros infoproletariados são os que fazem cibertrabalho, como programadores de software e aqueles movidos pela ilusão de empreendedorismo, como os motoristas de aplicativos.
Com as condições precárias de trabalho, os efeitos causados aos trabalhadores, como ansiedade, depressão e perda do sentido no trabalho, demonstram que o proletariado só teve o método alterado, porque a sujeição é a mesma.
Fontes e Links para aprofundamento:
https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,admiravel-mundo-novo,449155